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terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Dinossauros de Plástico


Se o plástico é feito de petróleo e petróleo é feito de dinossauros mortos, quanto de dinossauros reais existe em um dinossauro de plástico?
- Steve Lydford

Eu não sei.

Carvão e petróleo são chamados “combustíveis fósseis” pois são formados por restos de organismos mortos e enterrados a milhões de anos. A resposta padrão para a pergunta “de que tipo de coisa morta o petróleo no chão vem?” é “algas e plânctons marinhos”. Em outras palavras, não existe fóssil de dinossauro nesses combustíveis fósseis.
Porém, essa resposta não está totalmente certa.
A maioria de nós só tem contato com o petróleo nas suas formas já refinadas – querosene, plásticos, e tudo que sai das bombas de gás – logo, é fácil imaginar a fonte disso como um material escuro, borbulhante e uniforme.



  Porém, os combustíveis fósseis possuem suas particularidades em sua criação. As suas várias características – carvão, óleo e gás natural – dependem do organismo de origem e o que aconteceu com ele. Depende de onde viveram, como morreram, onde seus corpos ficaram após o fim de suas vidas, e as condições de pressão e temperatura que eles experimentaram.
A matéria morta carrega sua história – alterada e misturada de várias maneiras – por milhões de anos. Após cavarmos, foi usado muito esforço destrinchando as evidências dessa história, refinando os hidrocarbonetos complexos em combustíveis uniformes. Quando queimamos o combustível, sua história é finalmente apagada, e o resquício jurássico que existia é utilizado para alimentar nossos carros.


 A história carregada pelas rochas é complicada. Às vezes as peças faltam, são descartadas, ou transformadas de uma maneira que nos engana. Geólogos – tanto os acadêmicos quanto os da indústria petrolífera – trabalham pacientemente para reconstruir os aspectos dessas histórias e entender o que as evidências nos dizem.
A maior parte do petróleo vem da vida oceânica enterrada nos grandes mares. Mas a ideia poética que nossos combustíveis possuem fantasmas de dinossauros é também verdadeira. Existem algumas coisas necessárias para a formação do petróleo, incluindo enterro de grandes quantidades de matéria rica em hidrogênio em um ambiente com pouco oxigênio.
Estas condições são encontradas mais frequentemente em mares rasos, próximos a prateleiras continentais, onde ressurgências periódicas de nutrientes do mar profundo causam explosões de plânctons e algas. Essas explosões temporárias logo acabam, morrendo para o mar de pouco oxigênio, evento conhecido como neve marinha. Se forem enterrados rapidamente eles podem eventualmente formar petróleo ou gás. A vida na terra, por outro lado, é mais provável para formar turfa e eventualmente carvão.


 Porém, a formação de hidrocarbonetos é um processo de muitas etapas e muitas coisas podem afetar este processo. Uma grande quantidade de matéria orgânica acaba no oceano, e enquanto a maioria não acaba virando petróleo, uma parte sim. Alguns campos de petróleo – como na Austrália – tem uma boa parte de fontes terrestres. A maioria são plantas, porém uma parte é certamente animal.



Não importa de onde veio, somente uma pequena parte do petróleo do seu dinossauro de plástico pode ser diretamente de um corpo de dinossauro real. Se o petróleo veio de um campo com grande quantidade de matéria terrestre na era mesozoica, possivelmente contém uma parte um pouco maior de dinossauros; se veio da era pré-mesozoica, em um campo situado abaixo de caprol, pode não ter dinossauro algum. Não há como saber sem seguir meticulosamente cada passo do processo de produção de seu brinquedo em particular.


Em um sentido mais amplo, toda a água do oceano, em algum momento, já foi parte de um dinossauro. Quando essa água é usada na fotossíntese, partículas são usadas para construção de gorduras e carboidratos da cadeia alimentar – porém, muito mais desta água está em você neste exato momento.

Em outras palavras, seu brinquedo de plástico possui muito menos dinossauro que você.


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