O que aconteceria se toda água do mundo magicamente sumisse?
-Joanna Xu
Como sempre nesse tipo de questão, todo mundo morreria.
Os primeiros a notarem
seriam nadadores e navegadores, por razões óbvias.
Para evitar um cenário de
“copo pela metade”, vamos assumir que a água é substituída por ar.
A maioria das pessoas
costuma nadar em águas relativamente rasas, logo, a maioria sobreviveria à
queda até o chão talvez com alguns ossos quebrados. As pessoas no oceano, por
outro lado, estariam encrencadas.
As pessoas em águas rasas
chegariam ao chão primeiro. Dentro do primeiro segundo, uma grande quantidade
de barcos em lagos, rios, e balneários iriam quebrar ao chegar no chão, e
muitos a bordo sobreviveriam.
Os barcos no oceano
demorariam pra cair. Dentro dos próximos 5 segundos, um amontoado de “crashes”
iriam acontecer pelos continentes. Quanto mais longe os barcos estiverem da
costa, menores serão os fragmentos resultantes da queda, matando todos a bordo.
Após os primeiros 6 ou 7
segundos, ocorreria um pequeno alívio na taxa de destruição de barcos. As
prateleiras continentais caem abruptamente, e a maioria dos navios lá pro mar
profundo demoraria um pouco mais para cair.
O Titanic afundou em cerca de 3 km de água. Depois que desapareceu de
baixo da superfície, as duas metades do navio demoraram entre 5 e 15 minutos
para chegar ao fundo. Sem o oceano lá, teria atingido o fundo em cerca de 30
segundos.
Dentro do primeiro minuto,
quase todos os grandes navios estariam no fundo. O último barco a chegar no
fundo provavelmente seria um pequeno veleiro ou jangada que estava cruzando uma
vala oceânica quando a água desapareceu. Graças ao pouco peso e/ou o arrasto
causado pelas velas, um desses veleiros poderia demorar muitos minutos para
atingir o fundo.
Se houvesse um hidroavião
flutuando no oceano profundo, poderia sobreviver, embora fosse preciso um pouco
de sorte e um pensamento rápido do piloto. O avião inicialmente cairia, mas ao
ganhar velocidade iria tender a “deslizar”. Após o choque inicial, o piloto
teria um tempo considerável para tentar ligar o motor. Graças, em parte, ao ar
mais denso, seria possível um hidroavião voar suavemente pelo fundo do mar. Se
o motor ligasse, o piloto poderia voar para a civilização.
Peixes, baleias, golfinhos
e toda a vida marinha morreria imediatamente. Aqueles perto do fundo do mar
iriam sufocar ou ressecar, enquanto os que estivessem próximos à superfície no
mar profundo iriam sofrer o mesmo que os navios.
Aí que as coisas realmente
estranhas acontecem.
Sem a evaporação vindo dos
lagos e oceanos alimentando o ciclo da água, pararia de chover. Sem água para
beber, as pessoas e a maioria dos animais iriam desidratar e morrer em questão
de dias. Dentro de poucas semanas, as plantas começariam a não aguentar o ar
totalmente seco. Nos primeiros meses, uma massiva morte de grandes florestas
começaria.
Com a seca total, a
vegetação inevitavelmente queimaria, e dentro de dias, a maioria das florestas
do mundo teriam sido consumidas pelas chamas. As florestas armazenam
quantidades enormes de CO2, e estas queimadas aproximadamente dobrariam a
quantidade de gás de efeito estufa na atmosfera, acelerando o aquecimento
global.
No fim das contas, o cenário
imaginado resultaria em praticamente toda a vida morrendo rapidamente. Mas
então as coisas ficariam ainda piores.
Sem um ciclo de água para rochas
meteorológicas, o sistema de feedback de carbono-silicato que atua como um
termostato de longo prazo para estabilizar o clima seria desligado. Sem esse
feedback, o CO2 vulcânico se acumularia em nossa atmosfera, levando - a longo
prazo - a temperaturas escaldantes semelhantes ao que aconteceu em Vênus.
Nós íamos perder nossos
oceanos de qualquer maneira. À medida que o Sol fica mais quente, eventualmente
a água começará a escapar pela evaporação e, de uma forma ou de outra, o
planeta secará e aquecerá. No entanto, a perda dos oceanos nunca parecia algo
que valesse a pena preocupar-se demais, uma vez que é um bilhão de anos no
futuro. Os oceanos estarão aqui muito tempo depois que a nossa espécie
desaparecer.
mds
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