Daí você está caindo de um prédio, o maior que conseguir
imaginar, e não tem um paraquedas. Porém, no meio da queda você encontra um
mastro de bandeira que pertence ao prédio. Você ajeita seu ângulo e consegue
agarrar o mastro o suficiente para dar meia volta e se projetar em direção ao
céu. Como a gravidade te desacelera, você chega ao topo do prédio novamente.
Qual a possibilidade de isso acontecer?
Se você é como eu, seu primeiro pensamento ao ouvir essa
pergunta foi, “Que ridículo; não tem como funcionar”.
E seu pensamento está certo. Mas só pra ter certeza,
vamos analisar mais de perto.
A força da pegada depende de muitos fatores, como o
escorregamento da mão e o material do mastro. Mas por enquanto, vamos supor que
que as mãos de quem está caindo são capazes de agarrar o mastro firmemente. O
que acontece com o resto de seu corpo?
É difícil encontrar informações precisas sobre o quanto
de força precisa pra arrancar o braço de uma pessoa.
Só pra registro, há muitos estudos e palestras sobre a
resistência à ruptura dos tendões, que tendem a dar valores de cerca de 50-150
Mpa. É mais forte que nossa pele (27 Mpa), mas mais fraco que o osso (120 Mpa).
No entanto, para descobrir a força global dos braços, precisamos registrar todos
os tendões, músculos e tecidos no pulso, braço e ombro, sua área de seção
transversal, e descobrir quais as partes que seriam colocadas sob tensão.
Ao invés disso, seria mais fácil considerarmos pessoas
que tentam fazer essa manobra na vida real: Ginastas.
Um ginasta nas barras paralelas irregulares pressiona o
corpo ao limite ao executar manobras muito similares à nossa questão do mastro
da bandeira. Um estudo de 2009 usou a captura de movimento 3D para medir as
forças envolvidas na rotina de uma ginasta de elite. Eles descobriram que as
mãos da atleta exerceram uma força de mais de 3000 N na barra no fim de um
balanço. Em outras palavras, a ginasta estava apoiando quase que 300 kg !!
Vamos ser generosos e supor que a pessoa em queda livre
é ainda melhor que a ginasta de elite. Suponha que seu braço pode aguentar uma
pressão bruta de 10 kN, três vezes mais que a ginasta. Como ele faria?
Vamos ver quanta
força a pessoa do exemplo teria que suportar. Vamos supor um prédio de 240
metros; se ele pulasse do topo, ele estaria a mais ou menos 160 km/h quanto
estivesse na metade da descida. A essa velocidade, a força em seus braços seria
perto de 100 kN.
É isso. Os números só mostram o que o senso comum nos
disse no início: você não consegue segurar algo estando a 160 km/h, muito menos
girar em volta disso.
Se você quiser um sentido intuitivo mais vívido das
forças envolvidas, considere o seguinte: Em 2006, GQ colocou a estrela de
beisebol Albert Pujols em um laboratório e mediu sua batida. Eles registraram a
velocidade de sua batida em 140 km/h, quase a velocidade que citamos.
Então, se quiser testar a questão de hoje sem pular de
um prédio, encontre Albert Pujols, peça pra ele bater o mais forte que
conseguir, e tente segurar o bastão!
E lembre-se: fazendo isto você está apenas tentando
parar um pedaço de madeira. Quando você está caindo em direção ao mastro, terá
que segurar o peso do seu corpo todo, logo isso será cerca de 100 vezes pior.
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